05
de junho é o Dia Mundial do Meio Ambiente instituído na Conferência das Nações Unidas que tratou desse tema em Estocolmo em 1972. Hoje somos chamados à reflexão sobre a
importância do uso sustentável dos recursos naturais para manter a vida, não
somente da presente geração, mas das futuras. Quando o assunto é
sustentabilidade, além dessa escala temporal – presente e futuro – mostra-se importante
também a escala espacial, o zoom com que são olhadas e tratadas as
questões, tanto no planejamento quanto no gerenciamento ambiental. O verdadeiro
desenvolvimento precisa ser sustentável, já que os impactos antrópicos
ultrapassam, e muito, a resiliência do planeta, a capacidade suporte do meio
ambiente. Para o desenvolvimento sustentável é preciso “pensar globalmente e
agir localmente”, a partir de uma visão holística, não fragmentada.
Desde a
intensificação do processo da globalização, que tem como marco a queda do Muro
de Berlim em 1989, que relativizou as fronteiras e barreiras comerciais entre
países, se projetava um crescimento ilimitado dos mercados de consumo, a troca
de produtos, de gente indo e vindo com grande liberdade e intensidade. Enquanto
pessoas e produtos circulavam rapidamente, de carona foi também o novo corona
vírus. A pandemia de COVID-19 que estamos atravessando colocou um pé no freio e
agora se ouve falar em des-globalização. [Curiosamente, ao se digitar “desglobalização”,
a palavra fica destacada pelo editor de texto, porque não está no dicionário]. Entretanto,
há evidências de que a pandemia veio estabelecer um novo paradigma. A
tecnologia digital, com a internet e as redes sociais, possibilitou que tudo ficasse
mais próximo no cyberespaço: família, comunidade, empresas e seus
clientes. No mundo real, ao contrário, as barreiras e o distanciamento devem
aumentar, com novas restrições às viagens internacionais e à circulação de pessoas,
produtos e serviços. Especula-se sobre a volta das indústrias essenciais (e os
produtos e os empregos) para seu país de origem, diminuindo a dependência na
produção, principalmente dos chineses e a circulação de bens (e de patógenos). A pandemia se espalhou a partir da China. Os Estados Unidos lideram o ranking de casos e de mortes por COVID-19. As
relações políticas e econômicas estão estremecidas entre as duas maiores potências
mundiais.
A atual crise sanitária e econômica causada pelo novo corona vírus, impactou a todos, desde frágeis comunidades tradicionais, até grandes e poderosos países.Contudo é preciso reconhecer que estamos todos juntos, viajando pelo
espaço sideral nesta pequenina embarcação chamada Planeta Terra. Tão exuberante
e ao mesmo tempo limitada em seus recursos naturais. Nela somos mais de 7
bilhões de viajantes. E assim como num trem expresso temos a primeira classe, e
a segunda classe, alguns poucos viajantes na primeira e a maioria deles na
classe econômica, também no planeta a imensa maioria vai de classe econômica
(muitos até pendurados, se agarrando como podem nas portas e janelas, para não
“cair pra fora” do trem). Lembremos da crise dos refugiados de países do norte
da África e do Oriente Médio que tentavam entrar na Europa pelo Mediterrâneo. Estima-se
que 362.000 refugiados e migrantes arriscaram suas vidas cruzando o Mar em
2016, sendo que 181.400 chegaram na Itália e 173.450 na Grécia. Nisso o Papa
Francisco se destacou pela sua grande sensibilidade com os desvalidos - homens,
mulheres e crianças – náufragos fugindo de sua pátria para escapar da guerra,
da miséria, da fome e da própria morte. Exortou governantes a construírem
pontes e não muros, como é próprio da boa diplomacia.
A crise sanitária e
econômica que estamos atravessando, ocasionada pela propagação em escala global
da COVID-19, vai marcar definitivamente a história. De fato, não vencemos ainda
essa pandemia: enquanto esta linha é escrita às 7 horas da manhã deste 05 de junho dados da Universidade John Hopkins registram 391.439 vítimas fatais no mundo e as curvas
de crescimento ainda se mantém ascendentes. Países podem até se isolar como
estivessem na primeira classe, mas não podem evitar o fato de que estamos todos
no mesmo trem. Se ele descarrilar todos perecem.
Especialistas da área ambiental preveem que o aquecimento global e as mudanças
climáticas poderão ter impactos ambientais, econômicos e sociais numa escala
ainda maior que a própria pandemia ou as guerras. A Pandemia provocou grande
recessão. A recuperação econômica Pós-COVID, não poderá ser individualizada,
por país. Novas pontes deverão ser construídas, e não muros. Nesse contexto, os
Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU certamente ganharão
importância ainda maior. [E a esta temática voltaremos aqui numa próxima
ocasião].
05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, um dia para se pensar na nossa "casa comum" como chama o Papa Francisco.